segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher

Hoje é o Dia Internacional da Mulher. Mas muitas pessoas (homens e mulheres) nem sabem como esta data surgiu, e qual o intuito dela.
Então explico: no Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Objetivo da Data
Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Mas para melhor demonstrar a importância da data e da mulher segue abaixo texto de Armando Nogueira

MULHERES QUE BRILHAM

Ela está no topo. Trocou o altar pela poeira da estrada. Já conhece todas as trilhas. Sabe arriscar. É prudente quando precisa.
Tem brilho próprio, como certas estrelas. Até hoje, mulher feita, é que nem com os meninos na infância: a mesma lei: homem não chora. Mulher chora, mas ninguém vê, ninguém ouve.
As mulheres são tantas! São várias. São múltiplas. A mulher dos nossos dias “não está no gibi”.
“Mulher é desdobrável”, escreveu a poeta mineira Adélia Prado. E ela sabe o que diz. Conhece a lida de uma mulher que “brilha diferente”. Ela está na capa colorida das revistas; na contracapa do recesso do lar; está no elenco das novelas; no meio da orquestra, tocando a própria; está no plantão dos hospitais, das delegacias, das redações dos jornais e da TV; está no vídeo, está cobrindo uma guerra. Nos palanques da política, nos meandros da ciência. Em toda parte ela está. Não me canso de vê-la na minha paisagem.
Desdobrável... lá vai ela, moça, a desfolhar o tempo recolhendo a roupa, preparando a comida bem cedinho para levar pro trabalho e deixar outra metade com os filhos. Trabalha em casa de família. Deixou tudo brilhando. Duas horas de trânsito pra ir, mais duas pra voltar... E é assim que os anos avançam e quando a gente vê, ela conseguiu educar os meninos, garantiu o futuro deles.
O destino da filha já será diferente. Domina o computador. Sabe escrever. É uma brasileira cheia de sonhos. Dá duro 10 horas por dia. Engrossa a fila da tripla jornada de trabalho: o filho, o marido, a vida lá fora.
Ser mulher é desdobrar fibra por fibra o coração. Coração de mãe, filha de Deus. No rosto ela trás as marcas do mundo. É urbana. É caseira.
A maior conquista do esporte, no século XX, é a mulher. Se ela começou a lutar pela igualdade de direitos na porta da fábrica, foi mesmo nas pistas, nas quadras e nos ginásios que continuou a luta da autoestima. Da alma olímpica, capaz de competir, irmamente, valendo-se das forças do corpo e do espírito.
Mulher.
Os homens te sonhavam santa. Santa, a desfiar preces na solidão dos templos. E, no entanto, estás ali, assumida, na ponta dos pés a correr ao encontro de ti mesma.
Os homens te cantavam flor, não mais que pétalas, como se tua vida não fosse espinhos também.
E, no entanto, aí estás, criatura de Deus, assombrando o mundo com a poesia dos teus músculos.
Mulher!
Pelo triunfo que te eterniza, pela bravura que te faz mais bela, louvada, sempre serás, assim na terra como no céu.
Armando Nogueira

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