sexta-feira, 12 de março de 2010

Maneiras de dizer as coisas

Ontem comentei que uma coisa escrita tinha tomado uma proporção enorme. E fiquei com aquilo martelando o dia inteiro a minha cabeça. 
Então pensei em escrever outro texto sobre isso, mas acredito que seja melhor, não vamos alimentar o monstro. Mas uma coisa eu não posso deixar de comentar, que vale para mim e para os outros. Existe mil maneiras de se falar algo, e muitos esquecem que as palavras (ditas ou escritas) podem magoar outras pessoas, que existem sentimentos nos outros. Mas enfim vamos tocando que o mundo é bem maior que isso.

Mas para explicar melhor como existem maneiras diferentes de se falar o mesmo assunto...

Bom final de semana para todos

Maneiras de Dizer as Coisas


Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
- Que desgraça, senhor! - exclamou o adivinho - Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente - gritou o sultão, enfurecido - Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem chicotadas. Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.
Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
- Excelente senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem chicotadas e a você com cem moedas de ouro.
- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer.
Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.
Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma como ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas. A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa.
Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta. Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.
A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.
Ademais, será sábio de nossa parte, antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.
E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento. Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas.
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Já ia me esquecendo...Preciso prestar uma homenagem ao cartunista Glauco e ao seu filho Raoni, que tragicamente nos deixaram hoje, independente de qual foi a forma.

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